Por Suporte Básico de Vida entende-se o conjunto de medidas utilizadas para restabelecer a vida de uma vítima em paragem cárdio-respiratória, sem recurso a equipamento diferenciado.
Tem como objectivo fornecer oxigénio ao cérebro e coração até que o tratamento médico possa ser instituído (Suporte Avançado de Vida). Para que tal aconteça, são três as atitudes fundamentais que modificam os resultados do socorro às vítimas em paragem cárdio-respiratória:
• Accionar o sistema de emergência médica (Pedido de ajuda - 112);
• Iniciar de imediato manobras de SBV;
• Aceder à desfibrilhação, sempre que indicado, o mais precocemente possível.
Estes procedimentos sucedem-se de forma encadeada, constituindo uma cadeia de atitudes em que cada elo articula o procedimento anterior com o seguinte. Surge assim a cadeia de sobrevivência constituída por quatro elos: Acesso precoce ao 112, início precoce de SBV, Desfibrilhação Automática Externa precoce e Suporte Avançado de Vida precoce. O funcionamento adequado de cada elo e a articulação eficaz entre eles é vital para que o resultado final possa ser salvar uma vida.
Tendo em conta a legislação Portuguesa a nossa actuação termina no segundo elo, Suporte Básico de Vida.
Mas importa recordar que um rápido acesso ao 112 vai assegurar o início da cadeia de sobrevivência, por sua vez um SBV rápido vai ganhar tempo para a instituição dos outros elos da cadeia.
É fundamental ter como referência que ao iniciar SBV no primeiro minuto após a vítima entrar em paragem cárdio-respiratória (PCR) tem uma hipótese de sobrevivência de 98%, após 6 minutos em PCR há uma hipótese de sobrevivência de 11%. Ou seja, a probabilidade de sucesso decresce 7-10% em cada minuto.
O SBV tem uma sequência lógica que se inicia logo na abordagem inicial à vítima. Esta sequência será de seguida abordada em pormenor.
1. Segurança
A segurança deverá ser a primeira preocupação do socorrista. Apenas deveremos abordar a(s) vítima(s) quando as condições de segurança estão mantidas, em primeiro para quem socorre e só depois para a vítima. Lembre-se o socorrista não deve expor-se a si ou a terceiros a maior risco do que o que corre a própria vítima.
2. Avaliação do estado de consciência
Pretende-se avaliar se a vítima responde a estímulos, chamando-a pelo nome
(se possível) e batendo-lhe suavemente nos ombros (Fig.3).
2.1. Se a vítima reagir, assume-se como estando consciente pelo que prosseguimos com o exame da vítima, descrito num capítulo à frente.
2.2. Caso a vítima não reaja, actua-se como estando inconsciente, grita-se em voz alta "Ajuda, vítima inconsciente" com o objectivo de ter uma ajuda indiferenciada de alguém que possa auxiliar.
Passamos então para o ponto 3.
Atenção: este pedido não pressupõe chamada para o 112.
3. Verificação das vias aéreas
Pretende avaliar a existência de algum tipo de obstrução que ponha em causa a ventilação da vítima.
• Obstrução Mecânica - Verificar se a via aérea está obstruída, ou seja, se há algum corpo estranho que não permite a passagem do ar; (nesse caso retirar os objectos estranhos, comida, prótese dentária que se encontre solta, sangue, vómito, etc.).
• Obstrução Anatómica - Proceder à abertura da via aérea fazendo a extensão da cabeça (quando a vítima está inconsciente os músculos relaxam, pelo que, a língua como músculo, relaxa e faz obstrução à passagem do ar (Fig.4a e 4b).
4. Pesquisa de ventilação espontânea
Pesquisar a existência de movimentos ventilatorios (fig.5).
Colocar a face junto do nariz e boca da vítima e, fazendo uso dos sentidos da visão, audição e tacto (durante 10 segundos):
• Ver se existe movimentos ventilatorios torácicos;
• Ouvir e sentir a entrada e saída de ar pela boca e nariz da vítima.
4.1. A vítima está inconsciente mas respira
Uma vítima que esteja inconsciente a respirar e sem indícios de trauma, deve ser colocada em PLS (Posição Lateral de Segurança).
Esta posição permite manter a via aérea permeável (sem obstruções). (Fig.6).
A vítima pode manter-se nesta posição durante 30 minutos, após estes, deve ser desfeita a Posição Lateral de Segurança e ser feita para o lado contrário. Nas mulheres grávidas, a PLS deverá ser sempre feita para o seu lado esquerdo.
4.2. Se a vítima não respira:
Informação a transmitir:
• A existência de uma vítima inconsciente, que não respira;
• Idade aparente e sexo da vítima;
• Número de telefone de contacto;
• Localização exacta com pontos de referência;
• Não desligar o telefone sem a indicação do operador.
Após o pedido de ajuda diferenciado (112), deve iniciar o Suporte Básico de Vida.
• Iniciar as compressões torácicas.
• Colocar a mão no meio do peito da vítima (em cima do externo com o cuidado de não comprimir o apêndice xifoide). (Fig.7)
Após isso, deve colocar as 2 mãos sobrepostas em cima do externo e com os braços bem esticados fazer 30 compressões, a um ritmo de 100 por minuto, com o objectivo de comprimir o coração (Fig.8).
Seguido das 30 compressões torácicas, deve efectuar insuflações:
• Enquanto mantém a extensão da cabeça (Fig.10) tape o nariz da vítima e execute duas insuflações (boca-a-boca pode ser executado mas não é recomendado) eficazes observando a elevação do tórax.
• Cada insuflação deverá ter a duração de l segundo, execute a insuflação seguinte quando o tórax baixa (Fig.11).
Preferencialmente, deve usar uma "Pocket Mask" (Fig.12), máscara que se utiliza
Seguido das 2 insuflações, deve efectuar mais 30 compressões torácicas e assim sucessivamente, (fig. 14).
ATENÇÃO: APÓS O INÍCIO DO CICLO DE 30 COMPRESSÕES/2 INSUFLAÇÕES NÃO DEVE PARAR AS MANOBRAS, EXCEPTO NAS SEGUINTES SITUAÇÕES: CHEGAR AJUDA ESPECIALIZADA, ATÉ QUE EXISTA SINAIS DE VENTILAÇÃO (DEVE REAVALIAR O “VOS”), EXAUSTÃO OU QUANDO UM MÉDICO MANDE SUSPENDER MANOBRAS.
CASO NÃO TENHA UMA POCKET MASK E NÃO QUEIRA EXECUTAR A TÉCNICA BOCA-A-BOCA, DEVE APENAS EFECTUAR AS COMPRESSÕES TORÁCICAS DE FORMA CONTÍNUA.
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